Entrevista ANCIPA: "A TECNIPÃO é o único evento em Portugal dedicado, em exclusivo, aos setores da pastelaria e da panificação"
Entrevista ANCIPA: "A TECNIPÃO é o único evento em Portugal dedicado, em exclusivo, aos setores da pastelaria e da panificação"

A Associação Nacional Comerciantes Industriais Produtos Alimentares, na figura do Engenheiro Rui Matos, membro da Direção da ANCIPA e Director of Manufacturing, Continental Europe na Baker & Baker, concedeu uma entrevista à TECNIPÃO, onde faz um balanço do setor e enaltece o esforço das empresas na resposta aos desafios em curso. 

Texto: André Filipe Oliveira

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Como caracteriza atualmente o setor dos Produtos Alimentares?

O setor dos produtos alimentares é, provavelmente, o maior setor em Portugal. É também dos que mais tem ajudado o estado a “pagar a crise” provocada pela pandemia da Covid-19.  Se nos recordarmos do lema a “Indústria Alimentar Não Pára”, na prática, a concretização deste lema é um dos desígnios que este sector tem para com o país. O setor alimentar, sem exceção, desde a produção às primeira e segunda transformações e passando pelo fornecimento e entregas, ajudou a manter em funcionamento indústrias, ditas não essenciais, mas de importância relevante para o sector, como é o caso das empresas de manutenção, de embalagens e de energias. Todos eles, em conjunto, garantiram a manutenção dos postos de trabalho e os alimentos à mesa dos portugueses. 


Quais são os desafios em curso?

Este ano, a Covid-19 continuou a ter um grande impacto e em alguns casos atingiu níveis dramáticos, abrangendo todos os nossos setores de negócio. 

Os tecidos Agrícola e Empresarial portugueses estão assentes em micro, pequenas e médias organizações, que são altamente vulneráveis a fatores de natureza externa, bem como aos impostos e taxas. Lembro uma célebre citação que refere que “uma constipação na EEUU significa uma pneumonia para Portugal”.  

Devo ainda acrescentar que continua a ser inexplicável o critério das taxas de IVA aplicadas aos produtos alimentares. Os produtos alimentares e estamos a falar, em larga escala, de bens essenciais, devem ter a taxa mínima do IVA ou, deveriam, em alguns casos ser mesmo isentos. 


De que forma a ANCIPA tem garantido a representação e ajudado as empresas a enfrentar o atual contexto de pandemia?

A ANCIPA é uma Associação de referência nacional do setor alimentar, que conta com mais de 300 empresas associadas de Norte a Sul do país. A ANCIPA tem como objetivo defender a economia destes setores e garantir a dinamização dos operadores económicos que representa, desde a Padaria e Pastelaria mais pequena e mais tradicional, até às grandes empresas, contribuindo, assim, para a melhoria contínua do setor alimentar.

Desde o início da pandemia, têm vindo a ser propostos, pelo governo, vários apoios para auxiliar os empresários do setor a enfrentar a crise económica que a pandemia COVID-19 originou. O processo de acesso e implementação destes apoios é difícil, altamente burocrático e, muitas vezes, tardio.

A ANCIPA tem tido um papel fundamental, uma vez que detém uma larga experiência na área jurídica, dando a conhecer os principais apoios que estão atualmente disponíveis para as empresas e prestando auxílio à implementação das novas medidas que vão sendo anunciadas.   


Houve alguma alteração na legislação nacional promovida pela ANCIPA recentemente?

A ANCIPA tem contribuído ativamente para a alteração da legislação, indo de encontro às necessidades das empresas e definindo estratégias de âmbito nacional relevantes, nomeadamente a Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS), onde esteve envolvida desde início, tendo sido auscultada particularmente para a reformulação dos teores de sal na categoria de batatas fritas e snacks salgados.


De que forma as inovações, como Indústria 4.0, podem ajudar a alavancar as empresas do setor?

A inovação é a chave para todos os setores de atividade e a Indústria 4.0 pode ser verdadeiramente revolucionária em todos eles. A Indústria 4.0 não pode deixar de estar associada à transformação digital das empresas, onde um dos poderosos aliados desta transformação é entre outros o 5G. Há que ter presente a necessidade de mudança nas operações, no modelo de negócio e na relação e experiência com cliente, a que essa transformação obriga. As empresas precisam de ter atenção e avaliar qual será o impacto deste processo sobre o desempenho dos seus negócios.

A meu ver, o 4.0 passa em grande medida pela utilização do digital e da I.A. (Inteligência Artificial) para aumentar o sentimento de identificação dos clientes com as marcas e fidelizá-los; pela digitalização e criação novas formas para comercializar um produto ou serviço; pela utilização da tecnologia para reestruturar os processos da produção/transformação, da cadeia de abastecimento e a relação com parceiros; pela exploração de novos modelos de negócio e mercados; pela sua utilização ao serviço da economia circular e sustentabilidade. Será necessário realizar as devidas adaptações e formações, para que essa mudança ocorra de forma estável e com o seu envolvimento e participação, criando uma cultura interna virada para o digital e para a modernidade. 


Exemplificando, de que forma é que esta transição poderia ser exequível?

Quando um agricultor em Braga utiliza uma App (aplicação móvel) no seu telemóvel e monitoriza o estado de humidade ou temperatura e controla a quantidade e frequência das gotas de água que regam uma determinada cultura nas suas estufas do campo agrícola na Póvoa de Varzim, isto é Indústria 4.0. Muitas vezes, as preocupações dos jovens têm a ver com a incerteza sobre que profissões vão desaparecer e quais as que o futuro lhes reserva, este exemplo mostra-nos que uma das possibilidades a curto e médio prazo pode ser na forma como as atuais profissões podem evoluir, e isto é algo que devemos ao 4.0! 

De que forma a ANCIPA está a acompanhar a nova edição da TECNIPÃO?

A Tecnipão é o único evento em Portugal dedicado, em exclusivo, aos setores da pastelaria e da panificação. Com certeza, será uma oportunidade de reencontro e partilha de experiências entre os principais players de mercado, com o objetivo de dinamizar o negócio, estreitar relações e internacionalizar e potenciar os resultados de todos os envolvidos.

A ANCIPA, como Associação que representa em Portugal muitos operadores do setor da panificação e pastelaria, não poderia estar mais alinhada com a estratégia deste importante certame, pois tem como principais objetivos estabelecer e criar oportunidades de negócio, otimizar e aumentar a produtividade das suas empresas associadas, bem como trabalhar em estreita colaboração com os principais parceiros, de forma a promover uma resposta integrada aos desafios colocados pelas complexas mudanças económicas que a indústria enfrenta.

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